terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O retrato e o passado

Lembrar do passado às vezes nos parece que fomos mais felizes, que desperdiçamos momentos e que as pessoas eram melhores, os amores infinitos... olhando fotos nos deparamos com retratos. Imaginamos, muitas vezes que erámos muito mais alegres, mais amados e que a vida ficou amarga no agora, mas não. O presente que é o que temos que encarar*:
"Disse que amava o retratro mais que você. Mas o retrato é mentiroso. O retrato é, morta no papel, a coisa viva que só tem vida no seu corpo, e que aparece e desaparece, no meio das feras e dos sapos." (ALVES,  2011, p. 109)
E sim,  o agora é que é feliz, o passado foi uma doce ilusão ou um sonho que tivemos. Aprendi a cuidar de mim mesmo, no hoje aprendi a buscar o que me faz sentido.  Drummond** já disse:


Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada, 
ninguém a rouba de mim!

*ALVES, Rubem. Palavras para desatar nós. Campinas: Papirus, 2011.
**ANDRADE, Carlos Drummond de. Ausência.  


K.

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